domingo, 28 de novembro de 2010

O dia em que a esperança venceu o terror


[...] Em meio à fila de tanques de guerra que se estendia pela rua, uma roupa camuflada se destacava pelas proporções diminutas. Era Abener de Oliveira, de seis anos, que girava intrépido e tirava fotos com todos os militares que encontrava. “Você é o meu novo amigo”, entusiasmava-se o garoto, de bermudão, blusa e boné com a estampa do Exército, enquanto dava as mãos para um PM. A mãe, Maria Elisa, conta que o garoto não sossegou enquanto eles não saíram de casa, na Vila Cruzeiro, e foram até o Alemão. “No começo eu resisti à ideia. Mas, depois, achei que poderia ser bom. Onde a gente mora, é complicado para as crianças saberem quem é o mocinho e quem é o vilão. Tanto a polícia quanto os traficantes andam fortemente armados; sempre atiram e matam pessoas. Quem é o herói, na cabecinha delas? O policial, que sempre que chega traz confusão, ou o traficante, que elas conhecem, que mora na mesma rua que elas?
"Resolvi vir com o Abener para ele escolher o herói dele".


(Por Aline Erthal, do Rio de Janeiro)

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